
Sempre pensei em adotar uma criança ao invés de ter um filho. Acho uma ação muito bonita: pegar uma criança que já existe e que pode estar precisando de alguém que lhe dê atenção e, o que é mais importante, que tenha o amor de uma família.
Os contadores dizem que o número de pessoas cresce algebricamente enquanto sua alimentação continua crescendo aritmeticamente. Mas não é só por causa da comida que penso em adotar alguém. Esse é só um dos motivos. Não quero colocá-las aqui para sofrer, para viver junto com uma geração que estará sempre esperando por um futuro imprevisível e que, a meu ver, será pior do que o atual. Não é justo com as que nascerão. Talvez elas nunca tenham a mesma virtude que tivemos. A saúde, a educação e a segurança já viraram algo para nos preocuparmos. Então, que futuro terão as nossas crianças? Por que colocar mais crias nesse mundo?
Sempre pensei na adoção para não me comprometer com a piora do planeta. Mas depois do filme “Um sonho possível” passei a pensar em outro motivo. Um motivo que realmente é importante pensar. O filme conta a história de Michael Oher, um jovem negro vindo de um lar destruído e com um passado misterioso. Porém Oher consegue superar seus medos e seus diversos desafios a sua frente com a ajuda de uma família branca, de sua escola e do seu treinador de futebol, que acreditam no seu potencial. Essa ajuda, liderada por Leigh Anne, muda a vida de Michael. E conforme a própria Leigh afirma, muda a dela também. Esse é um motivo importante. Um motivo no qual eu nunca havia pensado antes. Ajudar alguém a mudar sua vida, e esse alguém mudar a tua própria vida. É uma troca. E essa troca me levou a pensar mais no assunto, embora eu ainda não tenha idade para isso.
O filme realmente me emocionou muito se for pensar por esse lado. E tem gente por aí comentando se a Sandra Bullock realmente mereceu o Oscar de melhor atriz. Eu não critico por esse lado. Quando assisto a um filme desses, fico estudando o perfil dos personagens, como se eu estivesse fazendo a consulta psicológica deles. E fico pensando o quão difícil foi para Michael Oher superar os desafios que o encaravam, afinal, é um filme baseado em fatos reais. Fico imaginando a história linda que aquela família construiu junto. Esse filme amadureceu minhas ideias. Antes eu achava que a adoção fosse útil para não colocar mais gente no mundo. Mas não é só isso. Para adotar é preciso doar-se. É preciso haver uma troca. É preciso mudar.
Larissa Amada
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